Desde os primeiros anos em sua modesta residência em Cachoeiro de Itapemirim até alcançar o estrelato, Roberto Carlos mudou-se várias vezes. No entanto, foi entre as décadas de 1960 e 1970 que ele encontrou seus lares mais significativos.
Em 1966, durante sua primeira visita a Piracicaba, Roberto presenciou tanto jovens quanto idosos paralisando o trânsito apenas para vê-lo. Pouco tempo depois, em busca de um refúgio tranquilo, descobriu Artemis, um distrito de Piracicaba. Encantado, ele rapidamente alugou um rancho do saudoso Sr. João Cortese, com quem desenvolveu uma amizade profunda.
O local se transformou em um santuário paradisíaco, onde Roberto pôde compor, refletir e amar.
A vida no rancho era repleta de momentos felizes e simples, como pescarias com o esposo da D. Catarina, o Sr. Paulo Nardo, um dos caseiros da propriedade. Essas experiências eram especialmente significativas, uma vez que tanto o filho dos caseiros quanto Dudu, filho de Roberto, enfrentavam problemas de visão, o que levou as famílias a buscar tratamentos variados, inclusive espirituais, com Chico Xavier, um antigo amigo do Sr. João Cortese.
Logo após se estabelecer, Roberto e Nice tornaram-se hóspedes de Heribaldo e Ester Farah Zardetto de Toledo, da família Farah de Toledo. Pouco tempo depois, adquiriram o rancho da família Giannetti, tornando-se vizinhos dos Toledo.
Conhecidos pela sua reclusão, Roberto e Nice recebiam apenas amigos íntimos e realizavam festas discretas que despertavam a curiosidade regional.
A propriedade em Artemis, reverenciada como a "Casa do Rei", marcava um reinado duradouro e contrastava com a mansão do Morumbi, mais associada à vida empresarial e artística de Roberto, revelando como ele equilibrava seus mundos público e privado.
Foi em Artemis que Roberto Carlos compôs "Amada Amante", inspirado no sono tranquilo de Nice. O vilarejo tornou-se um marco em sua vida e obra, simbolizando um período de grande felicidade e paz.
A canção "Além do Horizonte", composta na região, descreve o local como belo e tranquilo, uma verdadeira fonte de serenidade.
Por muitos anos, conciliando sua agenda de shows e gravações, Roberto viajava frequentemente para Artemis. Enquanto isso, Nice e os filhos aguardavam no vilarejo rural.
O radialista Antonio Carlos Tedeschi também virou amigo e esteve com Roberto em vários momentos, inclusive na reinauguração da Ponte de Ferro de Artemis em 1974, na gestão do saudoso Prefeito Adilson Maluf e no Carnaval de Piracicaba.
Após a separação de Roberto e Nice, Heribaldo de Toledo adquiriu o rancho que pertencia ao casal, e hoje o local é de um dos herdeiros da família Toledo.
Apesar de Roberto visitar Piracicaba esporadicamente nas décadas seguintes, as amizades que ele fez lá permanecem próximas, e o Rei as recebe calorosamente em seus shows.
A nostalgia desses tempos é tão forte que ainda traz lágrimas aos olhos de Roberto Carlos.
Este fluxo de eventos destaca não apenas as fases significativas na vida de Roberto em Artemis, mas também sua profunda conexão com o local e suas pessoas, que serviram de cenário para a criação de algumas de suas obras mais memoráveis. |