Em 19 de abril de 1974, um Ford 29 customizado foi entregue a Roberto Carlos em Cachoeiro de Itapemirim. Este veículo exclusivo, capaz de atingir impressionantes 200 quilômetros por hora, dada a leveza do carro frente à potência do motor, foi encomendado pelo Rei, com um custo de 100 mil Cruzeiros.
O custo de 100 mil Cruzeiros em 1974 equivaleria hoje a aproximadamente R$ 330.000, considerando as variações de moeda e a inflação. Utilizando o salário mínimo como referência, em 1974, este era cerca de 400 cruzeiros por mês, e atualmente, aproximadamente R$ 1.320,00. Portanto, 100 mil cruzeiros representariam cerca de 250 salários mínimos de 1974, aproximando-se do valor mencionado.
A obra-prima sobre rodas foi meticulosamente montada pelo talentoso Haroldo Sampaio, sobrinho do saudoso Raul Sampaio, o célebre compositor de "Meu Pequeno Cachoeiro". Em apenas três meses, Haroldo encurtou o chassi de um Ford 29, acoplou um potente motor de Cadillac, instalou uma caixa de câmbio automática e adicionou o luxo do ar condicionado.
O veículo contava com pneus especiais, dez polegadas de tala larga na traseira e oito polegadas na dianteira, freios servo-assistidos e uma carroceria com design e detalhes do Ford 1929.
Roberto teve a oportunidade de dirigir este magnífico calhambeque pela primeira vez em seu aniversário de 33 anos, em 1974.
O carro, em fase experimental, circulou pelas ruas de Cachoeiro de Itapemirim, despertando grande curiosidade e admiração entre os moradores.
Curiosamente, apesar do grande sucesso da música "O Calhambeque" e da marca e produtos Calhambeque, Roberto Carlos não tinha um calhambeque para chamar de seu até então.
Nas sessões de fotos, posava ao lado de calhambeques emprestados e, eventualmente, estacionados na rua. Foi numa dessas ocasiões que ele acabou sendo processado. Um dos proprietários desses veículos, incomodado ao ver seu carro estampado nas bancas e por parecer que o veículo pertencia a Roberto, decidiu processá-lo.
Roberto fez isso ingenuamente, apenas atendendo ao pedido do fotógrafo que queria uma foto dele ao lado de um calhambeque.
O desenrolar dessa história, hoje, parece engraçado. Roberto até tentou comprar o calhambeque do homem, mas ele recusou, alegando que o carro era valioso e econômico demais para ser vendido.
Após algumas negociações, um acordo financeiro foi finalmente alcançado, encerrando o processo judicial e permitindo que Roberto, aliviado, continuasse sua jornada até, 10 anos depois, possuir seu próprio calhambeque.
Como todos nós sabemos, em 2007, após muitas reformas, o carro foi completamente restaurado, recebendo um motor novo, suspensão nova, sistema de som novo, tapeçaria nova, forros novos de banco, rodas novas, além de mais itens de conforto.
Roberto deu a Emerson Fittipaldi carta branca para fazer o que fosse necessário com o carro, incluindo a escolha da cor, desde que fosse azul. |